DIVIDIDA, CAMPANHA DE DILMA EXPÕE RACHADURAS NO PT E NA BASE ALIADA

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Kotscho, petista histórico, mostra que a presidenta Dilma está diante de um novo desafio na campanha
Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, porta-voz e assessor pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante décadas, o jornalista Ricardo Kotscho revela um fato que, nos bastidores, já havia se transformado em voz corrente. A presidenta DilmaRousseff está isolada de boa parte da militância petista na campanha eleitoral. Dilma, segundo Kotscho, “parece cada vez mais sozinha na estrada, com a campanha à reeleição mostrando rachaduras no governo, no partido e na base aliada”. O editor diz, em seu blog, que se tornaram visíveis as divisões entre os grupos “lulista” e “dilmista”.
Leia, a seguir, o artigo de Ricardo Kotscho, sob o título Dilma sozinha na estrada; Aécio vira vidraça:
“A apenas 76 dias da abertura das urnas e 24 do início do horário eleitoral na televisão, Dilma Rousseff continua liderando as pesquisas, mas a presidente me parece cada vez mais sozinha na estrada, com a campanha à reeleição mostrando rachaduras no governo, no partido e na base aliada.
“Mais do que os números preocupantes do último Datafolha, que mostraram crescimento nos índices de rejeição da candidata e desaprovação ao seu governo, já apontando paraum segundo turno contra Aécio Neves, é o quadro econômico desfavorável a principal razão das defecções nos Estados e dos atritos entre dilmistas e lulistas no comando da campanha.
“A semana começa com a projeção do PIB para este ano caindo pela primeira vez abaixo de 1% (0,97%), mantendo a curva descendente registrada nos últimos meses. A este crescimento abaixo das previsões do governo, soma-se a renitente taxa de inflação, que no momento aponta para 6,44% no ano. Estes constituem os principais adversários de Dilma nas eleições de 2014, já que Aécio Neves e Eduardo Campos, na mesma pesquisa, não saem do lugar.
“Por mais que Lula e Dilma jurem fidelidade eterna, o fato é que os assessores de um e de outro entraram em rota de colisão ao definir os rumos da campanha. De um lado, Franklin Martins e Gilberto Carvalho, mais próximos a Lula, defendem uma estratégia ofensiva contra a oposição e a mídia aliada; de outro, os colaboradores mais próximos de Dilma, tendo à frente o marqueteiro João Santana, preferem tocar o barco sem fazer marola até começar a propaganda na TV, em que a presidente tem o dobro do tempo de seus principais concorrentes juntos.
“A solidão de Dilma fica mais patente quando se nota que raros são os que saem em defesa das políticas do governo, mesmo entre seus ministros. Boa parte das lideranças empresarias e sindicais que apoiaram a presidente em 2010 agora estão na moita ou pularam para o outro lado, como acontece com muitos aliados do PMDB, um partido ainda de caciques regionais que procuram, em primeiro lugar, salvar a própria pele.
“Até aqui, o candidato tucano nadou de braçada no embalo da mídia amiga, ao centrar sua campanha em denúncias de corrupção no governo e críticas à política econômica de Dilma, sem apresentar propostas viáveis para os problemas que o país enfrenta.
“Algo, porém, fugiu do controle no último final de semana, e pode alterar o cenário até aqui favorável desenhado pelas pesquisas. Não por acaso, a “Folha”, único dos grandes grupos de mídia que não faz parte do Instituto Millenium, rompeu a rede de proteção montada para Aécio Neves, ao dar em manchete uma grave denúncia contra o candidato do PSDB, algo até então inédito na nossa isenta imprensa.
“Segundo o jornal, já no fim do seu segundo mandato, Aécio gastou R$ 14 milhões do governo mineiro para construir um aeroporto em terras da sua família, no município de Cláudio. Em longa nota divulgada por sua assessoria, o candidato contesta a reportagem: “Todas as atitudes do governo de Minas Gerais referentes ao aeroporto de Cláudio se deram dentro da mais absoluta transparência e lisura”. Aécio só não explicou por que as chaves do aeroporto ficam com seu tio-avô Múcio Guimarães Tolentino, dono da área desapropriada pelo governo.
“O caso da desapropriação está na Justiça e o Ministério Público de Minas Gerais anunciou que vai abrir inquérito civil para investigar a construção do aeroporto. Em política, sabe-se, já entra perdendo quem precisa se defender em histórias no mínimo controversas como a desta obra público-privada.
“Resta saber como vai reagir o candidato tucano, agora que passou de estilingue a vidraça, ele que se habituou conviver com uma mídia familiar sempre dócil, parceira dos seus projetos políticos.
“Muita água ainda vai correr por baixo da ponte nesta campanha eleitoral. A imprensa prestaria um bom serviço ao país se agisse sempre assim, mostrando os prós e contras de todos os candidatos, com a mesma régua. Não custa nada sonhar, mas a julgar pela parca repercussão do assunto nos outros veículos, ainda estamos longe disso.
“Vida que segue”.

FONTE: CORREIO DO BRASIL

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