BAIXADA É TERRA ARRASADA PARA NOVOS PREFEITOS, GOVERNANTES DE DUQUE DE CAXIAS, NOVA IGUAÇU, BELFORD ROXO E NILÓPOLIS ASSUMEM COM CAOS NA SAÚDE, FINANÇAS E LIMPEZA URBANA, SAIBA MAIS
Em Duque de Caxias, segunda economia do estado, Alexandre Cardoso determinou intervenção na saúde e encontrou a prefeitura na penúria. Nesta quarta-feira o gabinete dele estava literalmente vazio. Não havia computador e o telefone estava cortado.
Na Rua Pedro Lessa, em Jardim Leal, Caxias, moradores empilharam lixo a fim de alertar para buracos gigantes na pista | Foto: João Laet / Agência O Dia
Cardoso informou que vai pedir auditoria aos Tribunais de Contas do Estado e da União. “No Moacyr do Carmo, as obras do quarto andar foram pagas e nada foi feito. Dos 287 médicos que havia, hoje temos 28. Vou ter que fazer Termos de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público. Preciso da ajuda de todos. O lixo hospitalar não é recolhido por falta de pagamento”, explicou.
Na matemática do prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier, o Hospital da Posse tem dívida de R$ 200 milhões. Para conseguir administrar a unidade, ele propôs ao Ministério da Saúde que aumente o repasse mensal, de R$ 5,1 milhões, para no mínimo R$ 12 milhões.
Alexandre Cardoso lamenta a ‘herança’ que recebeu de Zito no gabinete ‘depenado’ de Duque de Caxias | Foto: João Laet / Agência O Dia
“Há mais de um ano, fornecedores não são pagos na Posse. Hoje (ontem), visitei várias unidades de saúde do município. O descaso com a saúde é desumano”, afirmou Bornier.
Em Belford Roxo, o prefeito Dennis Dauttmam apelou nesta quarta-feira para um mutirão que retire o lixo das ruas. Foram recolhidas 300 toneladas. A coleta deve ser normalizada em 30 dias. Ele pediu para a população não queimar os detritos.
Faltam motor de carro e pelo menos 15 computadores
Procuram-se computadores, kit-gás da frota de 200 carros e até motores de veículos. Assim a nova administração de Duque de Caxias encontrou a estrutura da prefeitura. “Por favor, coloquem o meu celular para carregar porque o telefone do gabinete não funciona”, ordenou Alexandre Cardoso à secretária, por volta das 16h desta quarta-feira.
O desabafo do prefeito ganhava eco com o de outro assessor, que reclamava da falta de luz na Defesa Civil Municipal no período da manhã. Na Secretaria Municipal de Transportes e Serviços Públicos desapareceram pelo menos 15 computadores e nos carros só havia resquícios do kit gás.
“Na garagem também vamos fazer uma auditoria. Tem carros sem motores. Acreditamos que houve uma canibalização. Ou seja, retirava-se peças de um carro para colocar em outro”, avaliou o subsecretário Cláudio Mancha.
Procurado pelo DIA, o ex-prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito dos Santos (PP), não foi localizado. Mas o ex-secretário de Meio Ambiente, Samuel Maia, serviu de porta-voz do governo. “Quando o Zito assumiu, os royalties, ISS e IPTU das grandes empresas estavam comprometidos até ano que vem. É preciso reestruturação e acabar com os salários de marajás da previdência”, alegou.
Lixo acumulado gera risco de enchente. Dois mil buracos nas ruas preocupam
Para normalizar a coleta de lixo, a Prefeitura de Duque de Caxias assinou contrato de 90 dias com duas empresas no valor R$ 4,5 milhões, por mês. “Antes, a prefeitura pagava R$ 6,5 milhões. A meta é voltar a recolher mil toneladas de lixo por mês. Agora, a falta de coleta assoreou também a rede. Há preocupação com enchentes”, avaliou o prefeito Alexandre Cardoso.
Outra frente aberta por Cardoso foi pedir o apoio do vice-governador e coordenador de Infraestrutura, Luiz Fernando Pezão, para fechar dois mil buracos nas ruas do município. “Já começamos a operação tapa buracos e amanhã (hoje) teremos representantes do governo do estado aqui”, afirmou Cardoso.
Um dos exemplos de crateras é na Rua Bananal, no Jardim Leal. “Já caíram vários carros no buraco”, reclamou o motorista Aimore Carvalho, de 46 anos. A poucos metros dali, na Rua Pedro Lessa, os moradores colocaram barricadas interditando o acesso à rua para chamar a atenção da prefeitura. “Limpamos e aterramos os buracos”, contou Jorge Motta, 56 anos.
Nova administração de Caxias encontrou frota da prefeitura sem kit-gás | Foto: João Laet / Agência O Dia
Hospital precário leva a calamidade pública
Em seu segundo dia de governo, o prefeito de Nilópolis, Alessandro Calazans (PMN) decidiu decretar estado de calamidade pública na Saúde. Ele disse que ficou assustado com o quadro que encontrou no Hospital Municipal Juscelino Kubitschek (JK).
“A sala de cirurgia estava fechada, não havia soro, além de muito lixo hospitalar acumulado, um foco de doenças incrível, um absurdo”, disse ele, que vai pedir ajuda ao governo do estado para fazer uma reforma na unidade.
Calazans culpou a gestão do antecessor, Sérgio Sessim (PP), pelo que qualificou como “quadro de abandono na Saúde”. Três pacientes que estavam internados no Hospital JK com problemas psiquiátricos foram removidos para outras unidades. “Eles não tinham a menor condição de permanecer ali, em meio a tanta insalubridade”, disse Calazans.
O prefeito contou que pediu a colaboração de médicos do município para que não faltem ao trabalho. Ele explicou que muitos contratos expiraram no dia 31 de dezembro e que não houve tempo de prorrogá-los. “A população não pode ser prejudicada. Amanhã (hoje) vou estudar uma solução, mas estou contando com a boa vontade de todos”, disse.
Como prometeu durante sua campanha, Calazans instalou seu gabinete dentro do hospital e convidou a população a visitar a unidade.
No dia 1º de janeiro, ao fazer uma visita de surpresa à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Cabuís, antes de tomar posse como prefeito, Calazans disse que verificou que cinco médicos e três enfermeiros faltaram ao plantão.
No dia 1º de janeiro, ao fazer uma visita de surpresa à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Cabuís, antes de tomar posse como prefeito, Calazans disse que verificou que cinco médicos e três enfermeiros faltaram ao plantão.
“Determinei a exoneração de todos eles”, disse o prefeito. Inaugurada pelo governo do estado, a UPA tem gestão do município. Calazans prometeu entregar em seis meses três novas creches, e uma ampla reforma administrativa no município, com a extinção de pelo menos 400 cargos comissionados.
O novo prefeito também vai extinguir algumas secretarias, como forma de economizar verbas. “Ainda não tenho ideia das dívida porque não houve transição”, disse
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