QUAL É O OBJETIVO DA IMPOSIÇÃO DA NOVA CONSTITUIÇÃO NO EGITO?


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O governo convocou o referendo pela aprovação da nova Constituição com o principal objetivo de conter as manifestações que têm acontecido nas últimas semanas.
A IM manteve os contratos com o imperialismo e os sionistas israelenses que estão na base das amarrações que impedem o desenvolvimento do País e deixam como única alternativa para o governo e a burguesia a escalada dos ataques contra as massas trabalhadoras.
O governo Morsi fez um acordo com setores dos militares, mantendo os principais privilégios políticos e econômicos. Em cima desta base avançou sobre outros órgãos do poder herdados da ditadura de Hosni Mubarak, principalmente a Corte de Justiça, visando fortalecer-se e manter-se como uma alternativa viável de poder perante o ascenso das massas trabalhadoras.
A contrarrevolução democrática, encabeçada pela IM, como instrumento para conter a revolução nos países árabes, está sendo ultrapassada pelas massas e os movimentos nacionalistas. Na Síria, esta movimentação ficou evidente com a fundação nos últimos meses, e o reconhecimento feito às presas por mais de uma centenas de países, da CNS (Coalisão Nacional Síria) que promoveu a reação pró-imperialista, que está à direita da IM, em substituição do CNS (Conselho Nacional Sírio) que era dominado pela IM.
No Egito, a IM busca se fortalecer como a alternativa para conter o inevitável avanço das massas trabalhadoras, que estará colocado à ordem do dia devido ao também inevitável aprofundamento da crise capitalista. A receita da IM para conter a crise é a escalada dos ataques contra as condições de vida dos trabalhadores e a entrega da soberania nacional por meio da implementação de medidas neoliberais em larga escala. Novos confrontos em larga escala estarão colocados à ordem do dia no próximo período.
O controle das massas por meio de programas assistenciais
A IM, que organizada no PJL (Partido Justiça e Liberdade) é o partido mais organizado do País, conseguiu impor a vitória da nova Constituição por meio de uma rede de assistencialismo, alguns programas sociais, que servem como colchão social, e de uma forte campanha a favor da estabilidade, do crescimento econômico e do combate à pobreza.
Mais de 40% da população é pobre e analfabeta, e mais de 20% vive na pobreza extrema. Egito é o maior importador de farinha de trigo; 40% dos alimentos são importados. Uma forte desvalorização da moeda local provocaria uma crise alimentar de grandes proporções.
De acordo com o Ministério das Finanças, o déficit público alcançou US$ 13 bilhões somente nos cinco primeiros meses deste ano fiscal, entre novembro e setembro, um 4,5% superior ao mesmo período do ano passado.
Do total de US$ 35 bilhões das reservas soberanas que existiam antes da revolução, restam US$ 15 bilhões.
O FMI deverá impor fortes medidas neoliberais para liberar um empréstimo por US$ 4,8 bilhões que no grosso terá como objetivo manter os serviços dos pagamentos da dívida pública e o funcionamento do aparelho do estado afundado em dívidas e no crescente déficit fiscal. A taxa de juros será em torno a 1,5%, muito abaixo que os 16% que o governo paga hoje. Em contrapartida, vários produtos de primeira necessidade terão os impostos aumentados. Os subsídios aos serviços públicos, como a energia elétrica e os combustíveis, que consomem 25% do orçamento público, serão liberalizados. Será implementado o imposto de renda.
Empréstimos por outros US$ 10 bilhões serão feitos pelo Catar, a Arábia Saudita, os EUA e a UE (União Europeia) nos próximos dois anos.
Os abutres imperialistas estão de olho no aumento da exploração dos trabalhadores egípcios miseráveis e na especulação financeira em cima dos recursos naturais, principalmente o gás que, na grande maioria, é exportado para Israel.
A ajuda militar do imperialismo norte-americano, que supera os US$ 1 bilhão anuais tem se transformado numa condição de supervivência do estado e faz parte das condições do acordo que a Irmandade Muçulmana estabeleceu com os atuais setores dominantes do Exército, que, por sua vez, domina mais de 30% da economia e manterá os principais privilégios – inclusive o direito a nomear o ministro da Defesa, e validar o orçamento do Estado, por meio do Conselho de Segurança, onde os militares detém a maioria.
O aprofundamento da crise capitalista no País é inevitável e as condições de vida da maioria miserável da população deverão piorar com a implementação das novas medidas. O combustível que acendeu as revoluções nos países árabes será ainda mais farto no próximo período. Os programas assistenciais da IM dificilmente terão fôlego para conter a revolução egípcia.

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