GOVERNADOR E PREFEITO, SENADORES E ARTISTAS SE JUNTAM À PASSEATA CONTRA PERDA DOS ROYALTIES DO PETRÓLEO DO RIO, PROJETO PODE CAUSAR PERDA DE R$ 2,079 BILHÕES AO ESTADO FLUMINENSE




O prefeito Eduardo Paes, a atriz Fernanda Montenegro, o governador Sérgio Cabral, o senador Francisco Dornelles e a humorista Maria Paula na passeata pelos royalties
Foto: Agência O Globo / Gabriel de Paiva

O prefeito Eduardo Paes, a atriz Fernanda Montenegro, o governador Sérgio Cabral, o senador Francisco Dornelles e a humorista Maria Paula na passeata pelos royaltiesAGÊNCIA O GLOBO / GABRIEL DE PAIVA
RIO — O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB-RJ), o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB-RJ), a atriz Fernanda Montenegro, a humorista Maria Paula, e os senadores Francisco Dornelles (PP-RJ) e Lindberg Farias (PT-RJ) se juntaram à multidão de manifestantes que tomou a Avenida Rio Branco na passeata da campanha “Veta, Dilma: contra a injustiça, em defesa do Rio”. O movimento é para pressionar a presidente Dilma Rousseff a vetar o projeto de lei que altera a distribuição dos royalties do petróleo, inclusive dos campos já licitados, que causará uma perda de R$ 2,079 bilhões ao estado só em 2013.

Só o município de Campos dos Goytacazes, um dos mais ameaçados pelo risco de redistribuição dos royalties, trouxe 60 ônibus repletos para a Avenida Rio Branco. Está prevista também a participação de diversos secretários da prefeitura e funcionários públicos. Os ônibus saíram de Campos por volta de 7h e chegaram no começo da tarde, com faixas escrito “Veta, Dilma”.Os participantes também ocupam a praça da Cinelândia. Enquanto o show marcado para as 18h não tem início, DJ´s dão o tom da concentração. Segundo a Polícia Militar, nenhuma ocorrência foi registrada até o momento.
— Viemos aqui para combater essa injustiça. Nosso município é um dos maiores produtores de petróleo do país e vai ser um dos maiores prejudicados — disse Alcimar Carvalho, diretor-administrativo da Secretaria Municipal de Administração da Prefeitura de Campos dos Goytacazes.
Prefeito de Macaé – que também seria dos mais prejudicados se o projeto for sancionado – e presidente da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), Riverton Mussi (PMDB) afirmou que trouxe 25 ônibus para a manifestação. Ele espera pelo menos o veto parcial da presidente Dilma ao projeto.
– Queremos que a presidente deixe com o estado do Rio pelo menos a parte do pós-sal – disse ele, que veio acompanhado da vice-prefeita, Marilena Garcia, e de secretários municipais. – Estamos aqui para tentar corrigir essa injustiça com o estado do Rio – completou.
Artistas, atletas, empresários e políticos são esperados na passeata, que vai contar ainda com caravanas vindas do interior do estado.
A passeata atrai gente de todos os lugares.Vestido de terno e gravata, Cleber Carvalho do Nascimento, de 37 anos, saiu direto de uma entrevista de emprego para a Avenida Rio Branco. Morador de Santa Cruz e desempregado desde 2008, ele foi ao Centro do Rio para se unir à manifestação.
— É nosso, é nosso. Não vamos deixar tirar — disse ele referindo-se à perda de royalties caso o projeto de lei seja sancionado pela presidente Dilma.
Os professores do Ciep 433, de Campo Grande, tomaram a iniciativa de colocar os alunos em quatro ônibus e trazê-los para a manifestação. Os estudantes vieram ao evento com bandeirinhas, e a cara pintada com as cores da bandeira oficial do estado do Rio (azul e branco). O professor de sociologia do Ciep, Olavo Lima, que organizou a vinda dos estudantes, discutiu em sala de aula o problema e achou proveitoso trazer os alunos à passeata.
— Se a lei for aprovada, a educação vai ser uma das áreas mais prejudicadas e por isso viemos em caravana para dar apoio à manifestação — disse Lima.
Também chamava a atenção no meio dos manifestantes o cantor ambulante Juvenal da Silva, de 58 anos. Com peruca verde e amarela e um violão nas mãos, ele, que veio de Nova Iguaçu, gritava “Veta, Dilma!”.
Também se uniu à concentração José Ezídio, integrante de um grupo de 32 cadeirantes de conscientização da operação Lei Seca.
— O Estado vai perder bilhões. Temos que lutar contra isso — disse ele ao lado dos colegas.
Um grupo de voluntários chamado “Entreter” está distribuindo bandeiras do Estado do Rio e pintando a cara das pessoas de branco e azul.
Funk, música eletrônica e sambas-enredo
Diferentes ritmos dão o tom da passeata. Bem perto de um carro de som da equipe de funk Furacão 2000, representantes da Escola de Samba do Grupo Especial e do Grupo de Acesso estão tocando sambas-enredo com auxílio da bateria das agremiações. Entre as avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, há integrantes das escolas de samba Vila Isabel, Salgueiro, União da Ilha, Imperatriz Leopoldinense e Beija-Flor .
Os manifestantes também se divertem com a apresentação de Roberto Muniz, de 42 anos, que veio de Itaboraí para participar da passeata fantasiado de Michael Jackson, com capa preta, colete prateado, camisa social branca, gravata borboleta e chapéu preto, com rabinho de cavalo
— Eu vim apoiar e animar a galera — disse Muniz.
Um carro de som da Coordenadoria de Diversidade Sexual do governo do Estado toca música eletrônica.
Funcionários do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) usam camisetas com a inscrição “TCE-RJ, em defesa dos royalties do Rio e do uso responsável dos recursos”.
— Viemos aqui para solicitar que a presidente Dilma apele para o bom senso e para o espírito de mulher e cumpra os compromissos assumidos com o Rio. Quando ela precisou do Rio, o Rio contribuiu, seja nas eleições ou em projetos do governo — disse a presidente do sindicato dos funcionários do TCE-RJ, Francisca Talarico.
Também participam do protesto funcionários da Defensoria Pública estadual e da Prefeitura de Tanguá.
A diretora de sustentabilidade da Coca-Cola, Flavia Neves, veio com os colegas de escritório para a Praia de Botafogo.
— Quem produz é quem sofre o impacto ambiental. Por isso que a Dilma deve vetar esse projeto — disse. (Colaborou Clarissa Pains)
O GLOBO

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