Roberta Namour – correspondente do jornal 247 em Paris
Barreiras instaladas nas entradas das fábricas, bandeiras vermelhas em punho e um mesmo canto entoado em português, espanhol, italiano, grego, francês e mesmo alemão. O dia 14 de novembro se tornou o ‘Dia da fúria’ na Europa contra as medias de austeridade. Com uma onda de mobilizações violentas em 23 países, dirigentes políticos temem que esse movimento se torne um ritual no sul do continente, enfraquecido pela crise da dívida desde 2010. Nesse clima de protesto generalizado, a presidente Dilma desembarca nesta quinta-feira na Espanha, onde participará da 22ª Cúpula Ibero-americana.
A crise econômica mundial será justamente o tema central desse semináio que conta com dezenove países americanos e dois europeus.
Se antes os números eram o tema central das preocupação dos dirigentes, a desordem social desencadeada na Europa acentua o gosto amargo do encontro.
No momento em que as decisões políticas de austeridade estavam sendo tomadas, a maior parte dos europeus se calou por resignação. A opinião pública só despertou com a constatação de um terceiro ano de estagnação econômica que está por vir. Além disso, as metas de redução da dívida e do deficit público também não estão sendo atingidas. Os Europeus percebem que não se trata apenas de uma onda de medidas desagradáveis tomadas por um tempo derminado, mas sim da instauração de um novo modelo social.
Em Portugal, onde a taxa de desemprego atingiu 15,8% da força de trabalho, trens e metrôs pararam para aderir à "primeira greve Ibérica", nas palavras do secretário-geral do CGTP, primeiro sindicato português.
A Espanha usou novamente a praça Porta do Sol, em Madrid, para denunciar o "suicídio social e económico" que a política do governo representa. Os sindicatos calculam que cerca de 80% dos trabalhadores espanhois tomaram parte na greve geral.
"Este movimento europeu foi organizado em menos de um mês e muitos responderam à chamada, sinal de uma nova dinâmica", constatou Philippe Pochet, diretor Geral do Instituto Sindical Europeu.
Decepcionados com a política branda do novo governo socialista, os franceses começam a se contagiar com a raiva dos vizinhos europeus e prometem manifestações mais significativas. O presidente François Hollande ainda acredita que não se trata de uma ação contra a política e sim a favor de mudanças – como se ele ainda estivesse em campanha contra Nicolas Sarkozy.
Comentários