CARNAVAL E SAMBA SEMPRE EM EVOLUÇÃO


Foto: DivulgaçãoSempre digo que o Carnaval e o samba estão constantemente em evolução.
É só pensar que as brincadeiras carnavalescas chegaram ao Brasil por volta de 1600, com características européias. Muito tempo depois o batuque, que tinha nascido em senzalas, aos poucos foi conseguindo participar também dessa festa chamada Carnaval, se entrosando, se modificando e, juntos, foram evoluindo, até surgir um ritmo gostoso chamado samba.

Do batuque, na sua evolução pelos tempos, foram surgindo os grêmios recreativos culturais chamados escolas de samba, aliadas às datas carnavalescas. E assim continuaram evoluindo. Do simples batuque, tocado e dançado pelos negros nas senzalas, ou nos terreiros de chão batido, acompanhamos sua evolução até os dias atuais.

Falamos sempre em Carnaval, por ser essa a data sempre marcada no calendário, e  reservada para ser comemorada, nos mais diversos lugares do mundo. Também no Brasil, nos estados ele é festejado na mesma data, mas de maneiras diferenciadas, a exemplo da Bahia e Recife.

Em São Paulo e Rio de Janeiro, são as escolas de samba, com os seus enredos e hinos falando e levando cultura, em forma de arte visual, é que festejamos o Carnaval.  Hoje os enredos e sambas são considerados verdadeiras peças teatrais. Suas baterias transmitem um som incrível, remanescente do batuque, seus enredos e cenários lembram as antigas óperas européias, o bailar dos seus componentes. Mais do nunca podemos afirmar que o Carnaval e o samba estão completamente integrados e sempre em evolução.

Para que todo esse contexto aconteça, entra em cena, nas escolas de samba, a figura do carnavalesco, como nos teatros onde ele é chamado de diretor. É da sua inspiração e criação que dependerá o sucesso ou não da sua agremiação.
Para colocar em prática toda a sua criação, existe um contingente muito grande de pessoas que se dedicam, trabalhando nas mais diversas áreas, como, por exemplo, as costureiras. O carnavalesco começa a criar os desenhos dos figurinos das alas que irão representar e contar o enredo na passarela do samba. Com os desenhos aprovados pela diretoria e comissão de Carnaval, são escolhidos todos os materiais que serão usados e entram em cena as costureiras.

No andamento da confecção de cada figurino o carnavalesco sempre deve estar presente, pois às vezes, nos desenhos, os modelos estão muito bons, mas, na montagem, podem ocorrer alguns acertos. Esse espaço de tempo entre a criação e a confecção dura meses antes do Carnaval, é um período trabalhoso e preocupante até que se chegue ao resultado final.            

A escolha do samba-enredo também deve ser acompanhada pelo carnavalesco, pois é nesse samba escolhido que estará sendo contado o tema de acordo com sua proposta. Na fase seguinte entra em cena a apresentação dos pilotos, ou seja, os modelos das fantasias, das alas, em uma noite muito festiva para a escola. A curiosidade envolve todos os sambistas da comunidade em busca das fantasias de suas alas. As apresentações dos pilotos constituem normalmente grandes shows, e esse ano pudemos apreciar algumas agremiações, e sentir o trabalho concluído e com êxito dos carnavalescos e comunidade.

Foto: DivulgaçãoO interessante é pensar que cada fantasia apresentada vai ser multiplicada para preencher uma ala. E o total dessas alas só poderá ser visto durante os desfiles na passarela do samba.

Dos anos 60 ou 70 aos dias atuais, houve uma grande evolução dentro do mundo do samba, principalmente nas fantasias. O que hoje são fantasias de alas, antigamente eram consideradas grandes destaques, que normalmente desfilavam no chão. Apesar dos figurinos naquela época serem muito simples, todos os sambistas se orgulhavam em se vestir de lamê e veludo, e guardavam suas fantasias com muito carinho para usarem durante o ano, ou no ano seguinte.

Apesar de toda a evolução e crescimento que as escolas de samba tiveram, sente-se que o que não evoluiu foi o amor que os sambistas tinham ao usar suas fantasias. Infelizmente hoje, no final dos desfiles, encontramos lindas fantasias jogadas pelas imediações do sambódromo.       

Terminadas essas apresentações, os carnavalescos entregam a missão da confecção aos chefes de alas que irão acompanhar o trabalho das costureiras e bordadeiras. Mas o seu trabalho continua, agora se transportando para os barracões, dando início aos carros alegóricos, ou seja, à montagem de fundo de palco para cada ato, que será apresentado durante o desfile, a fim de proporcionar uma melhor compreensão ao público presente.
SIDNEY REZENDE

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