Nelson Cavaquinho, um sambista para a eternidade


Com todo respeito a todos os poetas e compositores deste país. Mas uma das frases mais lindas do samba brasileiro deste século é de autoria de um grande mangueirense, puro jequitibá, que atendia pelo nome de Nelson Antônio da Silva, no livro de batismo, e simplesmente Nelson Cavaquinho, na boêmia e rodas de bambas do Rio de Janeiro. Na parceria , Alcides Caminha e o mais frequente dos parceiros, o não menos mangueirense Guilherme Brito: "tire seu sorriso do caminho/ que eu quero passar com a minha dor..."
Dentro de toda a genialidade do ex-soldado da Polícia Militar e ex-predreiro que um dia decidiu baixar porque não dava pra coisa. É de Nelson Cavaquinho composições como "Folhas Secas", "A Flor e o Espinho", "Pranto de Poeta", "Degraus da Vida", "Pecado", "Cinzas", "Quando eu Me Chamar Saudade", entre outras.
Nelson Cavaquinho nasceu na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro, a 28 de outubro de 1910 e morreu aos 76 anos de idade, no dia 18 de fevereiro de 1986, em casa no bairro do Jardim América, na Zona Norte do Rio. De família humilde, era filho de um músico da banda da Polícia Militar e de uma lavadeira. Começou na música aos 12 anos, tocando cavaquinho, de onde tirou o apelido que virou adjetivo e sobrenome de um dos maiores poetas da Música Popular Brasileira, cujo legado para a MPB registra mais de 600 composições.
Parceiro de samba e de uma boa prosa de Carlos Cachaça e Cartola, de preferência numa mesa de botequim com generosas garrafas de cerveja e uma boa cachacinha, Nelson Cavaquinho viu sua obra começar a fazer sucesso em 1946, quando Ciro Monteiro gravou "Rugas", hoje um clássico do nosso samba.
Mas o reconhecimento público e o sucesso de verdade só iria acontecer na década de 60, com a abertura di Restaurante Zicartola, no Centro, propriedade dos amigos Cartola e Dona Zica. Voz rouca e metálica, devido ao monte de cigarros que fumava diariamente desde a juventude, Nelson Cavaquinho tinha outra particularidade: tocava violão usando apenas os dedos polegar e indicador da mão direita.
Irreverente, irônica e muito sincero, antes de morrer Nelson Cavaquinho deixou os versos de mais uma pérola do samba, em parceria com Guilherme de Brito: "sei que amanhã quando eu morrer/ os meus amigos vão dizer/ que eu tinha um bom coração.../ depois que eu me chamar saudade/ não preciso de vaidade/ quero preces e nada mais".
Em tempos de se viver um jejum de títulos que já dura 10 anos, a nação mangueirense, tem muito do que se orgulhar, com um nome que a representa em toda sua fantástica obra, este Nelson Cavaquinho de Mangueira.
Salve Nelson Cavaquinho!
Axé!

Comentários

VEJA AS DEZ POSTAGENS MAIS VISITADAS NOS ÚLTIMOS 7 (SETE), DIAS