Pular para o conteúdo principal

Mais dois corpos são encontrados no Parque de Gericinó


Um deles é de José Aldecir da Silva Junior. Pai responsabilizou menor apreendido por mortes

POR VANIA CUNHA
Rio -  Policiais da 53ª DP (Mesquita), encontraram, na tarde desta quinta-feira, mais dois corpos no Parque de Gericinó, em Mesquita, na Baixada Fluminense.
Os agentes, com o apoio do Exército, fazem buscas pelo local. Um dos corpos é de José Aldecir da Silva Junior, 19 anos, também atacado por traficantes da Favela da Chatuba e desaparecido desde sábado. Segundo a assessoria da PM, o corpo foi reconhecido através de uma tatuagem no braço.
Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Corpo de Junior foi encontrado em localidade conhecida como Curral. Outro cadáver, ainda não identificado, estava em estado avançado de decomposição | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Um outro corpo em estado avançado de decomposição, ainda não identificado, foi encotrado próximo ao de Junior.
Pai acusa menor por mortes
José Aldecir da Silva, pai de Júnior, 19, que está desaparecido, após ser atacado por traficantes na Favela da Chatuba, em Mesquita, disse nesta quinta-feira ao chegar na delegacia que o adolescente apreendido pela PM é o responsável pela prisão de seu filho.
"Ele é o mandante de tudo, é o dono de tudo. Foi ele que matou meu filho", desabafou. O menor G. L. F., de 16 anos, conhecido como Foca, foi apreendido nesta quinta-feira por homens do 20º BPM (Mesquita) na localidade conhecida como Jacutinga, em Mesquita, na Baixada Fluminense.
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
O pai acusou o menor também de ter matado um pastor no mesmo local. Aldecir revelou ter visto o crime, que aconteceu perto de sua casa. O pai disse ainda que pediu ajuda de PMs após saber da morte de seu filho, mas os mesmos teriam dito que não poderia ir atrás do corpo. De acordo com Aldecir, depois de morto, seu filho foi amarrado na mata. Aldecir da Silva teria então entrado no parque de bicicleta para fazer buscas. Foca teria participado da chacina dos seis jovens no último fim de semana.
O adolescente, que seria o "número três" na hierarquia do tráfico na Chatuba, estava em casa no momento da prisão. Ele chegou a usar a mãe como escudo para tentar escapar da abordagem dos PMs. De acordo com a polícia, o suspeito não assumiu o crime, mas disse que conhece os outros acusados de praticar a chacina.
Militares disseram ainda que o rapaz estava em um esconderijo, mas pediu ajuda aos aprentes e retornou para casa. De acordo com o comandante do 20º BPM, tenente-coronel Marcos Borges, em 10 meses foram presos mais de 200 traficantes na região.
Nesta quarta, a polícia apresentou o primeiro preso acusado de participação nos crimes. A mesma quadrilha, da Favela da Chatuba, é a principal suspeita. Daniel Dias Cerqueira dos Santos, 23 anos, estava entre os 20 presos durante ocupação da comunidade pela PM terça-feira, mas ele só foi reconhecido nesta quarta por testemunhas.
“Só falta agora colocarem a culpa pelas mortes nas minhas costas. Não sei quem fez isso. Estava em casa no dia do crime”, disse o acusado. Preso em flagrante com drogas, Daniel terá a prisão pedida pelo delegado-titular da 53ª DP (Mesquita), Julio da Silva Filho, pelas mortes.
Ele negou a acusação. Com a prisão dele, chega a oito o número de suspeitos indiciados pelas mortes dos seis moradores de Nilópolis. Sete estão foragidos, entre eles o chefe do tráfico da Chatuba e acusado de mandar matar o jovens, Remílton Moura da Silva Júnior, o Juninho Cagão.
Daniel foi visto numa laje na Chatuba no dia seguinte às mortes com um radiotransmissor dando ordens aos comparsas para atirarem nos parentes das vítimas que entraram no parque para procurá-las. A sorte é que ninguém foi atingido. Ele não participou das execuções, mas, por essa conduta, é coautor do crime”, explicou Julio da Silva.

PM busca suspeitos de chacina na Baixada

    • 1209SS05
    • 1209SS150
    • 1209SS133
    • 1209SS130
    • 1209SS101
    • 1209SS100
    • 1209SS15
    • 1209SS10
    • 1209SS11
    • 1209SS02
Severino Silva / Agência O Dia

Na delegacia, parentes reconheceram ontem objetos dos rapazes encontrados na Chatuba. “Vi a camisa e a bermuda”, lamentou o tio de Douglas Ribeiro, Renivaldo Cruz. “Indica que o palco da ocorrência foi a comunidade da Chatuba”, disse o delegado.
José Aldecir da Silva, pai de Júnior, 19, que está desaparecido, não reconheceu os objetos. À tarde, agentes da 53ª DP escavaram local onde estaria o corpo de Júnior, mas nada foi encontrado.

Nesta quarta, no Parque de Gericinó, policiais apreenderam uma camisa com manchas parecidas com sangue, duas facas e material para embalar drogas. Eles estavam perto da cachoeira onde os rapazes teriam sido capturados. Segundo PMs, havia ossadas próximas ao local, mas eles não souberam dizer se eram humanas.

"Paraíso" do tráfico teria até cemitério

Com piscina feita com represa de água na cachoeira, o Parque de Gericinó, em Mesquita, se transformou há tempos em "propriedade" dos bandidos da Chatuba.

Nesta quarta-feira, no parque, foram achadas duas facas, com possíveis manchas de sangue, que podem ter sido usadas para torturar os rapazes. Os policiais encontraram nas pedras latas de cerveja, colchonetes, óleos para limpar armas e sacos de carvão. Segundo moradores, a região era usada também como cemitério clandestino.

“Passavam com os corpos e pás. Se procurarem mais, vão encontrar muita gente”, dissemorador da localidade do Bicão, uma das entradas da mata e ponto de venda de drogas.
Denúncias de corrupção
A Corregedoria da PM investiga denúncias de moradores sobre os possíveis desvios de conduta de homens do 20º BPM (Mesquita). Segundo eles, propinas seriam pagas constantemente pelo tráfico para evitar repressão à venda de drogas na Chatuba.
No bairro, Bope, Batalhão de Choque e 20º BPM vasculharam casas e checaram várias denúncias. Nove escolas municipais e um posto de saúde permaneceram fechados. Nas unidades estaduais, a movimentação de estudantes foi pequena.

Comentários

VEJA AS DEZ POSTAGENS MAIS VISITADAS NOS ÚLTIMOS 7 (SETE), DIAS