Guerra contra EUA segue no Egito, no Iêmen e no Líbano


Guerra contra EUA segue no Egito, no Iêmen e no LíbanoFoto: AMR ABDALLAH DALSH/Reuters

FURIOSOS COM UM FILME QUE SATIRIZA O ISLÃ, CENTENAS DE MANIFESTANTES JOGAM PEDRAS CONTRA POLICIAIS QUE BLOQUEIAM A ENTRADA DA EMBAIXADA AMERICANA NO CAIRO; "NÃO HÁ NENHUM DEUS, SE NÃO ALÁ", DIZEM FAIXAS E GRITOS; MISSÃO DIPLOMÁTICA NO IÊMEN TAMBÉM FOI ATACADA E, NO LÍBANO, UMA PESSOA MORREU


247, com Reuters e Agência Brasil – A guerra islâmica contra os Estados Unidos ganha força nesta sexta-feira 14. Egípcios furiosos com um filme que eles afirmam ser insultuoso ao islã atiraram pedras contra policiais que bloqueavam o caminho para a embaixada americana no Cairo, onde manifestantes escalaram as paredes e destruíram a bandeira norte-americana no início desta semana.
"Deus é o maior" e "Não há nenhum deus, senão Alá" eram os gritos entoados por um grupo perto da frente dos confrontos, à medida que policiais da tropa de choque usavam gás lacrimogêneo e atiravam pedras de volta em uma rua que leva da Praça Tahrir para a embaixada.
Cerca de 300 pessoas se reuniram para protestar, algumas agitando bandeiras com slogans religiosos. A imprensa estatal informou que 224 pessoas ficaram feridas desde a noite de quarta-feira.
A Irmandade Muçulmana, grupo que levou o presidente Mohamed Mursi ao poder, pediu por um protesto pacífico em todo o país nesta sexta contra o filme, depois que o vídeo provocou manifestações em toda a região. Muitos muçulmanos consideram qualquer representação do profeta Maomé como blasfêmia.
Na cidade de Trípoli, no Líbano, onde pessoas armadas invadiram um restaurante, uma pessoa morreu e 25 ficaram feridas. Os protestos tinham a mesma causa.
AMR ABDALLAH DALSH/Reuters
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O embaixador dos EUA na Líbia foi morto por homens armados na terça-feira e a missão diplomática dos EUA no Iêmen foi atacada por manifestantes, em outros protestos contra o filme.
Mursi, o primeiro presidente livremente eleito do Egito, tem de encontrar um equilíbrio delicado, cumprindo a promessa de proteger a embaixada do país, que é um grande doador de ajuda ao Egito, ao mesmo tempo em que tem de estar ao lado de seus apoiadores islâmicos para assumir uma posição forte contra o filme.
Mursi disse nesta quinta-feira que havia falado com o presidente dos EUA, Barack Obama, e lhe pediu para agir contra aqueles que procuram prejudicar as relações entre os países. Seu gabinete disse que o governo dos EUA não devia ser culpado pelo filme, mas pediu por uma ação legal contra aqueles que insultaram a religião.
"Antes da polícia, fomos atacados por Obama e seu governo, e os cristãos coptas que vivem no exterior", gritou um manifestante, vestindo uma túnica tradicional e longa barba usada por alguns muçulmanos ultra-ortodoxos, enquanto apontava para o cordão policial.
Alguns egípcios ficaram furiosos com a violência. Uma foto circulando no Facebook mostrou um carro queimado acompanhada pelas palavras: "As pessoas saem para defender o profeta com bombas de gasolina e insultos religiosos para a polícia. Eles não rezam ao meio-dia ou à tarde. Quem são eles?"

EUA identificam egípcio cristão como principal responsável por filme anti-Islã
As autoridades federais dos Estados Unidos identificaram nesta sexta um cristão copta no Sul da Califórnia que pode ser o principal responsável pelo filme "Inocência dos Muçulmanos" que tem causado os ataques. O egípcio é suspeito de ter ligações com o norte-americano que inicialmente assumiu a autoria da produção do material. No filme, o profeta Maomé e o islamismo são satirizados.
O suspeito é Nakula Basseley Nakula, de 55 anos, que está em liberdade condicional depois de uma condenação por crimes financeiros. Agora, Nakula pode ser incluído em um processo maior envolvendo as mortes do embaixador Chris Stevens e de mais três norte-americanos no ataque ao Consulado dos Estados Unidos em Benghazi, na Líbia, no começo desta semana.
Pelas investigações preliminares, Nakula é ligado a Sam Bacile, californiano que até então havia assumido a elaboração do filme. Bacile se apresentou como judeu israelense. Porém, há suspeitas de que a identificação de Bacile seja falsa, pois ele já se fez passar por outras pessoas usando os nomes de Nicola Bacily, Robert Bacily e Erwin Salameh.
O Vaticano condenou hoje "a atividade das organizações terroristas" que causou as mortes do embaixador Stevens e três norte-americanos, em Bengahazi. Em menos de 24 horas, o Vaticano divulgou dois comunicados repudiando a série de ataques.
"[É necessária] a mais firme condenação por esse grave atentado, pois nada justifica a atividade das organizações terroristas e a violência homicida", disse o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi. "[É fundamental o] profundo respeito a crenças, aos textos, às grandes personagens e aos símbolos das diferentes religiões. [Isso] é um dado de base essencial da coabitação pacífica dos povos.".
AMR ABDALLAH DALSH/Reuters
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