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Beltrame vai a reduto do tráfico e anuncia reforço 100 PMs e diz que Exército precisa cuidar do é seu


POR FELIPE FREIRE
MARIA INEZ MAGALHAES
Rio -  Mesquita, na Baixada, vai ganhar reforço de cerca de 100 policiais e passará por análise que pode resultar na antecipação da instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na região.

O anúncio foi feito nesta sexta-feira pelo secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, que esteve no bairro para avaliar o andamento da ocupação policial na comunidade, onde nove pessoas foram assassinadas no fim de semana. Mesmo assim, moradores denunciam que ainda há traficantes ocupando casas no local.
Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia
Beltrame (à esq.)  anunciou reforço de 100 policiais para Mesquita | Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia
O secretário pediu ainda a colaboração do Exército para o patrulhamento da área de proteção ambiental, o Parque Natural de Gericinó, onde parte da imensa área verde é de responsabilidade da força.

“Temos o Rio inteiro para cuidar. Acho que o Exército deve ter o compromisso de cuidar do que é seu”, afirmou ele, que esteve na localidade do Bicão, antigo reduto de bandidos, e que irá ganhar base da PM — será uma companhia destacada. Beltrame esteve ainda no DPO da Chatuba, que será ampliado.

Operação

Enquanto o secretário estava na Chatuba, militares do Exército realizavam ação na mata do parque, onde as vítimas foram abordadas, à procura de pistas de bandidos. Três suspeitos, sendo dois adolescentes, já foram capturados; quatro são considerados foragidos.

Beltrame disse que a área da Baixada não era a próxima no cronograma das UPPs. “Temos uma política de segurança onde não se pode aceitar que em questão de horas tenhamos oito ou 10 homicídios. Vamos analisar criteriosamente para depois avaliarmos se é preciso a instalação da UPP”, afirmou ele, referindo-se à chacina, na qual seis jovens amigos, cadete da PM, pastor evangélico e comerciário foram executados por bandidos da Chatuba. O comerciário José Aldeci Júnior, 23, foi enterrado nesta sexta-feira.

Para Beltrame, apesar da presença policial, o Chapadão é considerado região de risco: “Aqui tem um legado de abandono, onde facções criminosas são donas do território.

O Comando Vermelho fez isso com inocentes. Invadiram área que não é deles, a pessoa é julgada, condenada e executada”. Ontem, uma mulher e um homem foram presos suspeitos de associação ao tráfico na Chatuba.

Aos prantos, mãe queria abrir caixão para beijar filho

O desespero de Bernardete da Silva Neves, 35, no funeral do filho José Aldeci da Silva Júnior, 19 — uma das vítimas fatais da chacina de Gericinó —, comoveu as cerca de 150 pessoas que acompanharam o cortejo no Cemitério de Olinda, em Nilópolis, na tarde desta sexta-feira.

Ela queria dar um beijo de despedida no comerciário, mas o caixão não pôde ser aberto por causa da decomposição do corpo, encontrado quinta-feira, cinco dias após o jovem ser torturado e morto.
Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Bernadete queria abrir o caixão do filho. Ela chegou a desmaiar no cemitério e foi atendida por uma ambulância | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
“Eu quero ver o meu filho!”, implorou várias vezes, até desmaiar e ser atendida junto com outras pessoas por equipe do Samu. Ao lado da mulher, depois de sepultar Júnior, o pai do rapaz, José Aldeci, exausto por não dormir desde sábado, quando o jovem desapareceu, desabafou: “Queremos justiça. Meu filho era trabalhador”.

Júnior trabalhava em uma loja de tecidos. A família ainda estuda a proposta de inclusão no programa de proteção à testemunha. Amanhã, moradores de Nilópolis farão passeata pela paz na Baixada, saindo do bairro Cabral, em Nilópolis, às 15h.

Metralhadora antiaérea no Chapadão

Uma metralhadora antiaérea calibre ponto 30 foi apreendida nesta sexta-feira durante operação no Complexo do Chapadão, em Costa Barros, Zona Norte do Rio.

O objetivo da ação era tentar localizar e prender foragidos da Chatuba e comparsas do Comando Vermelho em outras favelas do Rio. Um homem, não identificado, foi baleado e morto, no Cajueiro. Oito pessoas foram presas e dois menores, apreendidos. A polícia recolheu duas pistolas, carregadores, munição e drogas.

Criminosos desta quadrilha tinham até acampamentos dentro do Parque de Gericinó, na Chatuba, em Mesquita, onde nove pessoas foram mortas no fim de semana.

As ações mobilizaram mais de 350 policiais civis e militares. A ação teve apoio de blindados e helicópteros e aconteceu no Chapadão; Juramento, em Vicente de Carvalho; Cajueiro, em Madureira; e nas comunidades de Job, na Pavuna; Final Feliz e Bom Tempo, ambas em Anchieta.

Para evitar fuga de criminosos, foram feitas blitzes no entorno dos complexos do Jacarezinho e de Manguinhos e na Avenida Brasil. Houve tiroteios.

A Secretaria de Segurança pede que os moradores denunciem esconderijos e locais onde possam existir armas, drogas e outros produtos ilegais pelo Disque-Denúncia (2253-1177). O anonimato é garantido.

Fotos são divulgadas

O Disque-Denúncia (2253-1177) divulgou fotos dos acusados de participar da chacina em Mesquita. São procurados Remilton Moura da Silva Junior, o Juninho Cagão; Marcus Vinicius Madureira da Silva, o Ratinho; Jonas Santos Pereira, o Velho; e Fernando Domingos Pereira Simão, o Sheik. O órgão já recebeu 400 denúncias.

As vítimas foram: Victor Hugo da Costa, de 17 anos; Christian Vieira, 19; Patrick de Carvalho, 17; Josias Searles, 16; Douglas da Silva, 17; e Glauber Figueira Eugênio, 17; além do cadete PM José Augusto, o pastor Alexandro Lima e o comerciário José Aldeci Júnior.
Foto: Divulgação / Disque-Denúncia
Da esquerda para direita, a partir de cima: Juninho Cagão, Velho, Sheik e Ratinho | Foto: Divulgação / 

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