Durante a análise do ministro Ricardo Lewandowski sobre o envolvimento dos réus do PTB no caso do chamado "mensalão", o relator Joaquim Barbosa deu início a um longo desentendimento entre os ministros na sessão desta quarta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF). Inconformado com a conclusão de Lewandowski quanto à atuação de Emerson Palmieri no suposto esquema, Barbosa atacou: "Isso vai de encontro com o que eu disse no meu voto". O revisor, então, respondeu: "Vossa excelência quer que eu coincida em todos os pontos de vista? Pra quê então revisor?". Por fim, Barbosa disse que é normal terem "divergências filosóficas", mas que a atuação de Palmieri "é fato".
A discussão não parou por aí. O ministro Marco Aurélio Mello interveio no embate, pedindo a Barbosa que tomasse cuidado com suas palavras. "Vossa excelência está num colegiado de alto nível. Deve respeito à instituição". Barbosa voltou ao ponto da discussão, dizendo que eles, como ministros, não poderiam fazer "vistas grossas" diante dos fatos. "Somos onze juízes, ministro. Ninguém faz vista grossa", defendeu Mello. "Eu quis apenas fazer uma observação pontual, mais nada", concluiu Barbosa.
O ataque seguinte a Lewandowski foi em relação ao tamanho de seu voto. "Eu acho que é absolutamente heterodoxo ficar medindo o voto para que fique do tamanho do meu", provocou. "Eu estou estupefato, perplexo com essa afirmação", disse Lewandowski. O relator voltou ao ponto da distribuição do voto no início das sessões, como
já havia dito antes, e afirmou que "para prestar contas à sociedade", distribui seu voto, a fim de que, inclusive, não haja erros por parte da imprensa. "Por favor, não me dê conselhos", disse Lewandowski, finalizando a discussão e retomando seu voto.
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