Pomba branca emociona velório de dom Eugênio Sales na Catedral Metropolitana




O corpo do cardeal dom Eugenio Sales está sendo velado desde o meio dia desta terça-feira (10) na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, no Centro do Rio, por ele inaugurada em 1979. Centenas de pessoas acompanharam o momento da chegada do caixão que chegou ao templo em um cortejo fúnebre vindo do cemitério de Inhaúma, onde ele foi embalsamado.
A primeira - de uma série que se repetiu de duas em duas horas - missa de corpo presente foi celebrada por Dom Orani Tempesta, atual arcebispo do Rio de Janeiro, o segundo bispo a ocupar o cargo após a retirada de Dom Eugênio, que ali ficou por 30 anos, até julho de 2001.
Para Dom Tempesta, a morte de seu predecessor é vista como um ‘momento triste, mas bonito’. Segundo o arcebispo, com o falecimento "é hora de se fazer uma retrospectiva da vida do homem que pensou na Igreja e no povo’. Ele destacou diversas qualidades de Dom Eugênio, lembrando que ele foi um dos responsáveis pela vinda da Jornada Mundial da Juventude, no próximo anos, para a cidade do Rio de Janeiro
“Ele volta para a casa do Pai, carregado dos bens que cultivou na terra, onde atuou com imenso destaque na evangelização, saúde, educação, e no social. Tinha preocupação com as favelas, com a política durante a ditadura”, enumerou. “Devemos destacar a atuação de do Eugênio na escolha da cidade como sede da JMJ 2013. Uma carta sua ao papa Bento XVI foi fundamental na campanha do Rio”.O caixão do cardeal chegou na Catedral em um caminhão do Corpo de Bombeiros. Durante a entrada do corpo do cardeal na igreja, uma pomba branca foi solta e pousou sobre o esquife, onde ficou por mais de 40 minutos, até que começasse a missa. O dono da pomba, Gilberto de Almeida, responsável pela articulação comunitária da Cruz Vermelha no Rio de Janeiro, decidiu soltá-la para homenagear Dom Eugênio, por considerá-lo importante para as pastorais e para as pessoas menos assistidas. Segundo explicou, ela não foi treinada e o fato de ter ido pousar sobre o caixão e ali ter permanecido "foi como uma mensagem de Deus". 
"Cuido de questões humanitárias, então creio que é um sinal que estou no caminho certo", disse o assessor da presidência da Cruz Vermelha no Rio, que se confessou "mexido" com o acontecimento já que, para os católicos, a pomba branca é associada ao Espírito Santo. 
O velório segue a quarta-feira, às 15h, quando haverá o sepultamento na sob a crípta da catedral, catedral. Dom Eugenio é o segundo cardeal a ser sepultado no local. O primeiro foi dom Jaime Câmara, em 1971, quando a igreja ainda estava em construção. Sete anos antes, ele havia lançado a pedra fundamental da obra.
A arquidiocese aguarda a chegada do irmão de dom Eugênio, o arcebispo emérito de Natal (RN), dom Heitor de Araújo Sales, e do bispo auxiliar do Rio, dom Kall Joseph Roner, que chegam nesta quarta-feira da Suíça para o enterro.
O padre Lúcio Veleda, ex-colega do cardeal dom Eugenio de Araújo Sales nos aposentos da Paróquia São João Batista, em Botafogo, destacou a discrição do amigo. Segundo o religioso, o ex-arcebispo do Rio ‘pensava e media cada uma de suas palavras e gestos’.
“Dom Eugenio edificava através de sua simplicidade”, definiu. “Foi o grande responsável pelos trabalhos sociais da Igreja no Brasil. Muito cuidadoso e carinhoso, paciente e compreensivo, ele não se irritava com nada. Era querido no Vaticano, em especial por João Paulo II. Foi uma grande riqueza que o Brasil perdeu”.
Pároco da Catedral de São Sebastião, e amigo pessoal de dom Eugenio Sales, o padre Aroldo Ribeiro definiu o cardeal mais antigo da Igreja Católica como ‘um homem de Deus e da Igreja’.
“Era um amigo. Foi firme nas ações, mas sempre sensível às questões da humanidade. Não era um falastrão. Em silêncio, era quando mais agia”.


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