O mundo encantado de Marcelo Freixo é também o sonho de todos os sambistas


Até parece nome de enredo, mas não é não, este é o sonho do deputado Marcelo Freixo do PSOL, ao disputar o comando da prefeitura do Rio de Janeiro. Freixo fez declarações que são de certa maneira o sonho de todo sambista, e será muito produtivo trazer durante o período eleitoral, que é na verdade uma espécie de prestação de contas, a temática do carnaval carioca.
O fim de parte das frisas com a chamada "geral" no Sambódromo seria uma espécie de Setor 1 prolongado, o que é bastante louvável, vale lembrar na reforma em que passou o Sambódromo não houve preocupação em defender o direito das camadas menos favorecidas financeiramente, e houve até impedimento de bandeiras das torcidas organizadas por um certo contrato com a emissora que transmite os desfiles. Freixo também salientou que pretende quebrar este monopólio de transmissão, neste momento me parece comprar uma briga duríssima com a poderosa Rede Globo de Televisão, que faz o que quer na execução das transmissões. Que bom seria ver nosso carnaval de diferentes focos, que bom se o espectador pudesse escolher em qual emissora assistir a nossa festa. Seria uma espécie de utopia?
Freixo tocou em pontos importantes também na manunteção dos recursos financeiros às agremiações de todos os grupos, e na preservação dos blocos da cidade. Talvez uma análise mais detalhada sobre um espaço mais digno para as escolas que desfilam na Intendente Magalhães fosse oportuno para os debates, e certamente a tão sonhada Cidade do Samba para escolas do grupo de acesso. A produção do carnaval seja em qualquer grupo, merece dignidade, condições próprias de trabalho.
Conversei com um assessor do candidato Marcelo Freixo, para saber exatamente do tamanho da expectativa do grupo que o cerca em devolver o carnaval do Rio de Janeiro ao sambista, e me parece um tanto de utopia, por conta não apenas da força dos empresários, como da emissora que transmite a festa, e mesmo da própria LIESA, que segundo as propostas perde grande parte de seu poder de articulação e domínio dos desfiles. A conclusão é, a briga é grande. O governo que aí está focou sua política em atenção aos desfiles, na reforma do Sambódromo, poderia ter sido muito mais bem aproveitada, e na reforma de apenas quatro quadras de escolas de samba. O carnaval precisa sim, cada vez mais de incentivo financeiro do poder público para tentarmos nivelar a gritante diferença de capital financeiro entre as agremiações.
Fico um pouco preocupado apenas com a dita, "obrigatoriedade", das escolas em escolher temas "culturais", é claro que os enredos patrocinados são de certa forma, dependendo do tema, dispensáveis, mas submeter as agremiações a força, seria um tanto anti-democrático para um candidato da real esquerda de nossa cidade. Vale, lembrar, já vivemos o tempo dos enredos nacionalistas, e a experiência não foi das mais agradáveis, seria um retrocesso na história do carnaval carioca. Mas concordo, plenamente, em se estudar um incentivo maior para quem optar por enredos de relevância cultural, sem prejuízos às agremiações que não optarem por este caminho.
O desafio está lançado, o carnaval carioca, pelas mãos de Marcelo Freixo, entra na agenda eleitoral da cidade do Rio de Janeiro, e será muito produtivo, seja qual for o resultado das eleições, se esta agenda consolidar mudanças significativas e de interesse de quem faz carnaval o ano inteiro, após as eleições.

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