Campanha no Rio começa em tom de 'todos contra Paes'



Campanha no Rio começa em tom de 'todos contra Paes'
Em uma aliança com 19 partidos e bem relacionado com os governo federal e estadual, o atual prefeito é o alvo das eleições no Rio (Foto: Roberto Stuckert Filho. Presidência)
Rio de Janeiro – Prejudicado pelo frio e pela chuva que castigaram os cariocas e provocaram o cancelamento de diversas atividades de rua previstas para este domingo (8), o primeiro fim de semana de campanha eleitoral para a prefeitura do Rio de Janeiro confirmou a esperada tendência do “todos contra um” em relação ao prefeito Eduardo Paes (PMDB). Para enfrentar um candidato à reeleição que tem o apoio de 19 partidos e é dono de um tempo de tevê e de um orçamento de campanha muitas vezes superior aos dos seus adversários, os demais candidatos iniciaram uma espécie de batalha paralela, buscando em seus nichos eleitorais a força para garantir lugar em um eventual segundo turno onde as esperanças de vitória seriam renovadas. 
De matizes políticos diversos, os candidatos Rodrigo Maia (DEM), Aspásia Camargo (PV), Marcelo Freixo (PSOL), Otávio Leite (PSDB), Cyro Garcia (PSTU) e Fernando Siqueira (PPL) têm em comum um arsenal de críticas ao prefeito do Rio e a seu principal mentor político, o governador Sérgio Cabral (PMDB). De outro lado, amparado pelas pesquisas de opinião que até aqui apontam sua virtual reeleição já no primeiro turno, Paes conta com o apoio irrestrito de Cabral e da presidenta Dilma Rousseff, que marcou presença logo no primeiro dia de campanha e já provocou polêmica. 
Ao lado do prefeito e do governador, além de ministros, senadores e deputados, Dilma passou no Rio parte da sexta-feira (6) e participou da entrega de 460 apartamentos financiados pelo projeto Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. A presidenta não mencionou a campanha eleitoral em nenhum momento, e Eduardo Paes sequer discursou, mas o evento causou reclamação entre os adversários, além de alguma discussão na Justiça Eleitoral, pois permitiu ao prefeito participar de uma inauguração no primeiro dia oficial de campanha. 
De acordo com a legislação eleitoral, um prefeito candidato à reeleição só pode participar de uma inauguração ou evento similar dentro de um limite de até três meses antes da data prevista para as eleições. Assim sendo, o impedimento só passou a valer no sábado (7), segundo dia de campanha, abrindo no calendário eleitoral a brecha bem aproveitada pelo prefeito/candidato Paes. 
Na véspera da cerimônia de entrega das casas, o Ministério Público Eleitoral (MPE) tentara dissuadir o prefeito de participar do evento com Dilma e Cabral. Em ofício encaminhado pelo procurador regional eleitoral Maurício da Rocha Ribeiro, Paes foi aconselhado a não comparecer, pois sua presença configuraria abuso de poder político. Consultado pelo PMDB, o Tribunal Regional Eleitoral acabou decidindo a questão em favor de Paes: “O TRE-RJ entende que os prefeitos que sejam candidatos à reeleição podem comparecer a inaugurações de obras públicas antes do dia 7 de julho”, informa o tribunal em nota pública. 

Rolo compressor

A presença da presidenta da República logo no primeiro dia de campanha eleitoral para a prefeitura do Rio reforçou uma impressão de desigualdade de forças entre Eduardo Paes e seus adversários que ficara latente logo após a divulgação oficial das previsões orçamentárias de cada candidatura. Com uma previsão de gastos totais que alcança R$ 25 milhões, a campanha pela reeleição do prefeito custará R$ 2 milhões a mais do que todas as outras campanhas somadas. Para se ter uma ideia, Rodrigo Maia prevê gastos totais de R$ 9 milhões, seguido de Aspásia Camargo (R$ 7 milhões), Otávio Leite (R$ 4,5 milhões) e Marcelo Freixo (R$ 2,5 milhões). 
A diferença na correlação de forças também fica clara com a divisão dos tempos de propaganda eleitoral na tevê. Apoiado pela mais ampla aliança já registrada na história política carioca (PT, PP, PSB, PCdoB, PDT, PTB, PSD, PPS, PRB, PSC, PRP, PRN, PTC, PSL, PSDC, PRTB, PHS, PTN e PTdoB), Paes terá 16 minutos e 24 segundos de exposição diária na telinha, tempo também maior que o somatório de todos os seus adversários. Rodrigo Maia, do DEM, sai em coligação com o PR de Anthony Garotinho e terá 3 minutos e 56 segundos de propaganda. Caminhando sem coligações, o tucano Otávio Leite (3min28s), a verde Aspásia Camargo (1min49s) e o socialista Freixo (1min33s) também terão pouco tempo para passar o seu recado. 
Diante do que parece ser um Golias eleitoral, os adversários de Eduardo Paes investem no discurso otimista. “A internet e a militância nas ruas levarão a eleição ao segundo turno. Depois, será uma outra eleição”, aposta Freixo. Maia segue na mesma direção: “Essa desigualdade parecerá menor assim que forem divulgadas as próximas pesquisas.” Já Leite reconhece as dificuldades: “Com essa candidatura à reeleição do prefeito do Rio, estamos assistindo a uma tentativa de controle absoluto do processo político pelas vias econômicas”, diz o candidato tucano.

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