Após ver ruína de família, idosa faz denúncia e fecha bingo

As máquinas são levadas pela polícia Foto: Paulo Carvalho

Um sobrado na rua Nossa Senhora da Conceição, na entrada da favela do Guarda, no Cachambi, era o endereço que uma dona-de-casa considerava a ruína da sua vida. Durante algum tempo, ela viu por lá todo dinheiro da família ser gasto pelo marido. No local funcionava um bingo clandestino.

— Quando no mês passado vi que até valor que serviria para quitar o condomínio desapareceu, resolveu denunciar— contou ela.

Em desespero, ligou ontem para a Delegacia Fazendária, que foi ao local. A jogatina começava a funcionar todos os dias a partir das 14h. E não tinha hora para fechar. Quandos os agentes chegaram ao endereço, um homem, que trabalhava como motorista para os proprietários, tentou fugir, mas foi detido.

Dentro do sobrado, dez apostadores, quase todos idosos, já se preparavam para investir dinheiros em uma das 41 máquinas. Eles foram surpreendidos com a chegada da polícia. Depois, se disseram aliviados com o fato de não perderem o dinheiro.

— Vim com R$ 50. Eu me viciei quando o bingo era liberado — disse uma senhora, cliente assídua.

Lanchinho

Os proprietários do bingo ofereciam diversas regalias para seus jogadores. Logo na entrada eles poderiam saborear um farto lanche que era deixado na mesa. Três motoristas também ficavam encarregados de pegar apostadores, caso eles não tivessem carros.

Igreja

O bingo funcionava ao lado da sede de uma igreja. Um portão de fecho azul escondia uma escada que levava até o sobrado. Além da sala com as máquinas, havia uma cozinha e dois banheiros.

Apreensões

A Delegacia Fazendária apreendeu 302 máquinas em sete operações realizadas no mês passado.

Ousadia

Em um dos endereços, na Rua Miguel Rangel, em Cascadura, os proprietários do bingo se mostraram insistentes. No dia 15 de junho, foram apreendidas 60 máquinas. No dia 28,m os policiais retornaram e conseguiram apreender mais 36.

EXTRA