Relator pede abertura de inquérito contra Demóstenes.


Para o petista, processo deve continuar. Leitura do relatório levou mais de duas horas. (Ag.Senado)
O senador Humberto Costa (PT-PE) defendeu nesta quinta-feira (3) a continuidade da investigação contra Demóstenes Torres (sem partido, ex-DEM-GO) por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado. Para o petista, ao apresentar seu parecer prévio no órgão, o senador goiano deve ser investigado pelos colegas por ter mentido quando disse ter apenas relações pessoais com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A votação do relatório será na próxima terça-feira (8).
Desde 2008, quando o regimento do Conselho de Ética foi modificado, é necessária a apresentação de um relatório prévio admitindo ou não a continuidade da investigação. Humberto Costa analisou se o Psol, autor da representação, tinha legitimidade para pedir a cassação por quebra de decoro. Também defende a necessidade de mais investigação, com produção de provas e apresentação de provas. A expectativa entre os senadores é que, com a abertura do inquérito, Demóstenes seja cassado.
Durante a leitura do relatório, que foi antecipada desta quinta-feira, Humberto Costa ressaltou que não ia usar as diversas notícias publicadas na imprensa sobre o relacionamento de Demóstenes com Carlinhos Cachoeira. De acordo com o petista, embasado por decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), reportagens não podem ser usadas como prova. “Toda análise de produção de provas vem em um segundo momento”, disse.
Costa defende a continuidade das investigações contra Demóstenes por seis motivos. O primeiro é o fato que, pelas gravações divulgadas até o momento, o senador goiano tinha conhecimento das atividades ilícitas de Carlinhos Cachoeira. Também por ter atuado para prevalecer os interesses do bicheiro no segmento de jogos de azar. Outra questão é ter recebido “valor questionável na forma de presente de casamento”.
Mas o principal fato para Humberto Costa é o fato de Demóstenes supostamente ter mentido aos colegas no seu pronunciamento em 6 de março, quando rejeitou qualquer envolvimento com o esquema de Carlinhos Cachoeira. “Tudo leva a crer que Sua Excelência se contradiz e teria faltado com a verdade perante seus pares”, afirmou o relator.
Por isso, o petista disse que o que está em debate não é a imagem do parlamentar, mas do Parlamento. “Se atinge a imagem do Senado Federal, não se pode subtrair os fatos graves narrados”, disparou. Ele ainda citou outras duas questões sobre o relacionamento de Demóstenes com Cachoeira. Primeiro, o fato de o senador goiano ter recebido um celular Nextel do bicheiro. Depois, de ter tratado do uso de um avião em telefonema.
Adiamento
Após a leitura do relatório, o presidente do Conselho de Ética, Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), abriu para o advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, fazer um pronunciamento. Ele pediu que o processo fosse trancado por cinco dias. Segundo Kakay, ele jamais conversou “com o senador sobre mais de 80% deste voto”. “É uma perda política para o cidadão a instauração do processo”, disse.
O pedido, no entanto, foi negado pelo presidente do Conselho. De acordo com Valadares, neste momento o regimento do órgão não permite a apresentação de petições ou de questões de ordem. “Todo o amplo direito de defesa será respeitado, mas agora o regimento não permite”, explicou.
Fonte: Congresso em Foco.

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