PT e PSDB ficam satisfeitos com convocação de governadores


Por motivos diferentes, a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira acabou sendo bem recebida tanto pela liderança do PSDB quanto pelo relator da comissão, que é do PT.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE), disse que o partido estava satisfeito por ter conseguido atingir o objetivo de convocar o governador petista nos mesmos moldes da convocação de Marconi Perillo. "Nós temos uma grande diferença. O governador do PSDB tomou a iniciativa, veio ao Congresso, disse que quer falar, exigiu a sua convocação. O outro, Agnelo, que foi tomado de surpresa, que não imaginava vir a esse ambiente da CPI. O PSDB está absolutamente satisfeito", disse o líder.
Já o relator da comissão, o deputado petista Odair Cunha (MG), disse que o trabalho dele será o de "individualizar condutas". Ele acredita que as convocações de Agnelo e dos demais governadores citados no processo não seriam fundamentais neste momento. "Nós temos que individualizar condutas, não podemos tratar os diferentes de maneira igual. Claro que a vinda do governador Agnelo também contribui com a nossa investigação. O que eu defendi, essencialmente, foi que esse tema não fosse decidido agora. Poderia ser decidido mais adiante, havendo a investigação".
Odair Cunha avisou que todos que prestarem depoimento agora, enquanto os trabalhos ainda se iniciam, podem ser reconvocados. E reconheceu que há indícios de envolvimento dos governadores citados com o empresário goiano Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar uma rede de tráfico de influência de jogos ilegais.
"Há indícios mais contundentes no que diz respeito aos dois governadores Perillo e Agnelo. É claro que há níveis diferentes de envolvimento com a organização criminosa de Cachoeira. No caso do governador Marconi Perillo, é muito mais evidente o seu envolvimento. No caso do governador Agnelo Queiroz, é menos evidente. É claro que a vinda deles vai ser a oportunidade de darem as explicações necessárias", disse o relator.
Perillo foi convocado com votação unânime. Ontem, ele já havia informado à CPI que gostaria de prestar depoimento. A convocação de Agnelo, por sua vez, foi aprovada por 16 votos favoráveis e 12 votos contrários. Já o pedido de convocação do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), foi rejeitado pelo plenário da comissão.
O relator disse que não há, por enquanto, indícios da ligação de Cabral com esquema investigado pela CPI. Mas ressaltou que a convocação do governador fluminense pode ser reavaliada. "Não há indicio de envolvimento do governador Cabral com o senhor Carlos Cachoeira, com a organização criminosa. É claro que eu falo a partir da realidade de provas que nós temos neste momento. O governador Cabral ou qualquer outra pessoa pode comparecer à CPI quando nós acharmos adequado e necessário", disse Cunha.
Carlinhos Cachoeira 
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira

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