Petistas saem em defesa de Lula sobre reunião com Gilmar Mendes



Senadores petistas saíram nesta segunda-feira (28) em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no episódio em que teria pedido ao ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para adiar o julgamento do mensalão.

Os petistas afirmam que a revelação tem como objetivo tirar o foco da CPI do Cachoira e arranhar a imagem do ex-presidente.

"Com certeza, há o interesse de muitos que essa investigação não caminhe. Tentar colocar essa temática como centro da CPI não é o desejo desta Casa", disse o senador Humberto Costa (PT-PE).

O petista disse que prefere acreditar no relato do ex-ministro Nelson Jobim, que presenciou a conversa entre Lula e Mendes.

"Foi uma conversa a três. Eu prefiro ficar com a versão do ministro Jobim de que esses assuntos não foram tratados e o próprio ministro Mendes, depois da saída de Lula, não demonstrou nenhum tipo de indignação com a conversa que teria havido."

Líder do PT, o senador Walter Pinheiro (BA) disse considerar "estranho" que Mendes tenha revelado o teor da conversa com Lula um mês depois de sua realização.

"Da suposta conversa até o seu vazamento, por que eu guardaria por 30 dias? Se era uma coisa extremamente nefasta para o ministro Gilmar Mendes, por que guardar tanto tempo? O teor dessa conversa não dá liga."

Para o senador Jorge Viana (PT-AC), o presidente Lula sempre teve "conversas republicanas" e não tem em seu histórico a pressão sobre outros Poderes. "O presidente Lula não é homem de chantagear ninguém. Não existe essa possibilidade."

Viana disse que esperar que, por trás da fala de Mendes, "não esteja a intenção de alguns de colocar um episódio, um bode da sala, para chamar a atenção para outro caminho."

CONVERSA

Segundo reportagem da revista "Veja", Lula se encontrou com Mendes no dia 26 de abril e teria pedido o adiamento do julgamento do mensalão pelo STF. Em troca da ajuda, Lula ofereceu ao ministro blindagem na CPI que investiga as relações do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários.

Mendes confirmou à Folha o encontro com Lula e o teor da conversa revelada pela revista, mas não quis dar detalhes. "Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula", afirmou o ministro.

O encontro aconteceu em 26 de abril no escritório de Nelson Jobim, que é ex-ministro do governo Lula e ex-integrante do Supremo. Nesta segunda-feira, o ex-ministro se recusou a comentar o encontro.

Lula disse ao ministro, segundo a revista, que é "inconveniente" julgar o processo agora e chegou a fazer referências a uma viagem a Berlim em que Mendes se encontrou com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), hoje investigado por suas ligações com Cachoeira.

Membro do Ministério Público, Demóstenes era na época um dos principais interlocutores do Poder Judiciário e de seus integrantes no Congresso Nacional. A assessoria de Lula disse que não iria comentar. Na conversa, Gilmar ficou irritado com as insinuações de Lula e disse que ele poderia "ir fundo na CPI"

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