Papa desabafa, critica mídia e diz que escândalo lhe entristeceu.



Vento bate sobre o manto de Bento XVI na Praça São Pedro nesta quarta-feira
Foto: ALESSANDRO BIANCHI / REUTERS
Vento bate sobre o manto de Bento XVI na Praça São Pedro nesta quarta-feiraALESSANDRO BIANCHI / REUTERS

VATICANO — O Papa Bento XVI criticou em tom severo nesta quarta-feira a cobertura da mídia sobre o vazamento de informações confidenciais do Vaticano e o envolvimento de serviçais próximos e disse que o chamado escândalo VatiLeaks entristeceu seu coração. Na audiência pública de quarta-feira, Bento XVI fez as primeiras declarações sobre o assunto e reiterou sua confiança nos assessores mais próximos, afirmando que “os rumores em alguns meios de comunicação foram exagerados e sem fundamento algum”, oferecendo uma falsa imagem da Santa Sé.

O Papa também disse que continua em contato com seu mordomo, Paolo Gabriele, preso na semana passada após autoridades encontrarem em seu apartamento uma série de documentos secretos do Vaticano. Gabriele trabalhava nos aposentos papais desde 2006 e passou a servir ao círculo de Bento XVI depois de ter trabalhado com o prefeito da Casa Pontifícia, o monsenhor James Harwey. Ele é um dos cinco não religiosos que participam na equipe papal, sob a supervisão de uma freira alemã.— Suspeitas se multiplicaram, exageradas por certos veículos da mídia que são livres e gratuitos e foram muito além dos fatos reais, exibindo uma imagem da Santa Sé que não corresponde à realidade — disse o Pontífice. — Os eventos recentes causaram tristeza em meu coração.
— Desejo renovar minha confiança e ânimo nos meus (colaboradores) mais chegados, que trabalham diariamente com espírito de sacrifício — disse o Papa, que, no entanto, se referiu ainda a sofrimentos pessoais e entre pessoas próximas. — Nossa vida e nosso caminho cristão frequentemente estão marcados pelas dificuldades, pela incompreensão e pelo sofrimento.
“Conflitos nas relações humanas e na própria família”
Bento XVI acrescentou que é preciso perseverar diante dos “conflitos nas relações humanas, muitas vezes dentro da própria família”.
Na terça-feira, o porta-voz da Santa Sé, o padre Federico Lombardi, afirmou que Bento XVI estava abalado com o escândalo, mas que não se preocupava com o que podia emergir das investigações e encorajava os promotores a buscarem a verdade. Lombardi admitiu também que se sentiu pessoalmente invadido com os vazamentos, mesmo que nenhuma informação sua tenha chegado à mídia.
Denúncias veiculadas na mídia italiana indicam que mais pessoas, além de Gabriele, estariam envolvidas no vazamento dos documentos. Alguns especialistas suspeitam que o caso teria como pano de fundo disputas internas e poderiam ter como alvo o secretário de Estado da Santa Sé, monsenhor Tarcisio Bertone.

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