Obama se diz a favor do casamento gay nos EUA


Obama nunca havia apoiado abertamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo





O presidente americano, Barack Obama, declarou nesta quarta-feira ser pessoalmente a favor do casamento gay, um dia após um referendo na Carolina do Norte inserir na legislação local uma emenda proibindo uniões entre pessoas de mesmo sexo no Estado.
Obama fez a declaração em uma entrevista ao canal de TV ABC, que irá ao ar nesta quinta-feira.
"Eu penso que os casais de pessoas de mesmo sexo deveriam poder se casar", disse.
Obama nunca havia apoiado abertamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Quando questionado sobre o tema, disse que sua visão estava "evoluindo". O assunto ainda é tabu nas eleições americanas, bastante polarizadas ente setores moderados e conservadores, representado sobretudo pelo grupo republicano Tea Party.
Na entrevista, ao programa Good Morning America, Obama disse que sempre defendeu que "os gays e as lésbicas americanas fossem tratados com Justiça".
Obama disse que tem conversado com "amigos e familiares" sobre o tema, sobretudo ao observar membros de sua equipe "incrivelmente comprometidos em relações monogâmicas, relações de pessoas de mesmo sexo".
A declaração deve fazer o tema ganhar força na campanha eleitoral. A seis meses da eleição – e com outros referendos sobre o mesmo tema agendados em outros Estados da federação –, críticos acusavam Obama de querer ganhar o apoio dos dois lados ao não se pronunciar claramente sobre o assunto.
Na terça-feira, a Carolina do Norte confirmou sua posição como sendo o 31º Estado a definir o casamento como "a união entre um homem e uma mulher", sem permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo ou sequer a união civil.
A medida foi aprovada em referendo por 58% a a favor e 42% contra, com alto comparecimento, apesar do apoio de figuras de peso, como o ex-presidente Bill Clinton, ao casamento gay.
Antes de se pronunciar sobre o casamento gay, Obama já havia conseguido derrubar a regra do "Não pergunte, não conte" (Don’t ask, don’t tell), que requeria que militares gays servindo nas Forças Armadas mantivessem o silêncio sobre suas preferências sexuais.

Conservadorismo

No dividido cenário político americano, agradar liberais e conservadores em temas sociais tem se tornado cada vez mais difícil. Inclusive dentro do Partido Republicano, tradicionalmente mais conservador, as últimas eleições têm visto a substituição de moderados do partido por figuras mais linha-dura.
As divergências entre moderados e conservadores fazem com que o quadro dos direitos homossexuais varie entre os diferentes Estados americanos.
Atualmente, o casamento gay é permitido em nove estados, sendo que sete se situam no Nordeste do país. Em outros dez é permitida a união civil ou as chamadas “parcerias domésticas” entre pessoas do mesmo sexo.
No sudeste americano, nenhum Estado permite qualquer um desses cenários. No meio-oeste, apenas três permitem um dos dois sistemas.
Comentando a derrota no referendo da Carolina do Norte, a organização Human Rights Campaign, favorável ao casamento gay, disse que o resultado foi "um revés temporário para o nosso movimento", mas isso não desfaz o "progresso tremendo e o crescente apoio (à causa) em todo o país".
Segundo a ONG, em 2004, emendas contra o casamento gay costumavam contar com uma base de apoio que ultrapassava 70% dos eleitores. Quatro anos depois, esse apoio já havia caído para a casa dos 50%.
"O apoio a emendas proibindo casais comprometidos, do mesmo sexo, de se casar tem diminuído nos últimos anos, enquanto o apoio para a igualdade no casamento continua a aumentar em termos nacionais."

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