Maia pede calma e sugere 'chá de camomila' a Lula e Gilmar Mendes


"É preciso dar um "chá de camomila" a todos os envolvidos nas notícias de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria tentado pressionar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes sobre o julgamento do mensalão, em encontro no escritório do ex-ministro da Defesa Nelson Jobim". A declaração do presidente da Câmara de Deputados foi dada à Agência Câmara, na tarde desta quarta-feira (30). 
As denúncias foram publicadas pela revista Veja desta semana. Para Maia, a hora é de acalmar os ânimos. 
"É preciso dar chá de camomila aos envolvidos, ainda mais quando se aproxima o julgamento do mensalão", disse o presidente da Câmara.
Maia voltou, no entanto, a criticar as declarações do ministro Gilmar Mendes, que ontem acusou o ex-presidente Lula de participar de uma "central de boatos" contra ele. 
"É óbvio que são quase incompreensíveis as atitudes de Gilmar Mendes, a forma agressiva com que tratou o tema, mas todos conhecemos o ministro, que tem clareza politica enorme", disse.
Ontem, Marco Maia já havia questionado a versão apresentada por Mendes e disse ter dúvidas sobre o comportamento do ministro. 
"Tenho dúvida sobre o comportamento do ministro Gilmar Mendes porque há um questionamento: por que ele veio tratar sobre esse assunto exatamente agora, depois de um mês da realização da reunião?", questionou. 
"Não acredito que o ex-presidente Lula tenha expressado ou tratado o assunto da forma como foi relatado pelo ministro Gilmar Mendes", afirmou Maia.
Segundo a reportagem da revista Veja, a reunião ocorreu no dia 26 de abril, no escritório de Nelson Jobim. Em entrevista à publicação, Gilmar Mendes disse que Lula teria prometido a ele proteção na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, dando a entender que, em troca, queria que o julgamento do mensalão fosse adiado.
No encontro, ainda de acordo com a revista, Lula teria citado uma viagem a Berlim, na Alemanha, em que Mendes se encontrou com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), hoje investigado por suas ligações com Cachoeira. Afirmando ter ficado perplexo com o comportamento e as insinuações do petista, Mendes disse que não tem motivo para preocupação com as investigações e que o ex-presidente poderia "ir fundo na CPI".
Em nota divulgada na segunda-feira, o ex-presidente Lula negou ter pressionado Gilmar Mendes. No texto, o líder do PT afirmou que seu sentimento era de "indignação" com as denúncias.
O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, o ministro Joaquim Barbosa apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
Com Portal Terra
FONTE: JB

Comentários

VEJA AS DEZ POSTAGENS MAIS VISITADAS NOS ÚLTIMOS 7 (SETE), DIAS