Dilma quer manter o Planalto longe da crise entre Lula e STF Assunto teria sido tratado em reunião entre a presidente e Ayres Britto. Planalto nega que motivo do encontro tenha sido a crise

A presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, em Brasília
A presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, em Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
A presidente Dilma Rousseff quer manter o Planalto bem longe da crise desencadeada pelo cerco do ex-presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal. Preocupada com o acirramento dos ânimos às vésperas do julgamento do mensalão, Dilma já avisou a seus interlocutores que não entrará na briga entre seu antecessor e o ministro Gilmar Mendes, que tornou público o assédio de Lula em reportagem de VEJA desta semana.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Dilma avalia que a situação é perigosa, tem potencial de estrago que beira a crise institucional nas relações entre Executivo e Judiciário, e transmitiu esse recado na conversa mantida nesta terça com o presidente do STF, Ayres Britto. O encontro durou uma hora e dez minutos, no Planalto. Embora petistas estejam fazendo desagravos públicos a Lula, a presidente ordenou silêncio aos auxiliares após falar com ele por telefone. A ordem é blindar o Planalto dos torpedos vindos da CPI do Cachoeira e dos discursos de Mendes.
Nesta quarta, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República divulgou nota afirmando que, no encontro de ontem entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ayres Britto, foi feito apenas o convite para que ele compareça à Rio+20 e discutidas questões administrativas dos dois poderes. A nota afirma ainda que as informações sobre o que Dilma teria dito a Ayres Britto são falsas. A assessoria de imprensa do Supremo também divugou nota no mesmo tom.
Lula estará nesta quarta em Brasília, onde fará uma palestra no 5.º Fórum Ministerial de Desenvolvimento, e vai se encontrar com Dilma. Pela estratégia definida até agora, o governo fará de tudo para se desviar da crise e repassará a tarefa das respostas políticas ao PT. O ministro do STF jogou nesta terça mais combustível na crise, ao responsabilizar Lula por uma "central de divulgação" de intrigas contra ele.
Embora dirigentes do PT saiam em defesa de Lula, a cúpula do partido avalia que é preciso calibrar o contra-ataque, porque qualquer reação intempestiva contra o Judiciário prejudicaria os réus do mensalão.
Fora do foco - "Não acreditamos que Mendes nem nenhum integrante do Supremo esteja ligado ao crime organizado de Carlinhos Cachoeira", disse o deputado Jilmar Tatto (SP), líder do PT na Câmara. "A CPI não foi instalada para apurar possíveis desvios de conduta de ministros do Supremo, mas, sim, para desbaratar o crime organizado de Cachoeira. Quem alimenta esse tipo de polêmica quer desviar o foco da CPI e vamos dar um basta nisso."
Assédio - Na edição desta semana, VEJA revelou que o ex-presidente tem se lançado em uma ofensiva sobre o STF para protelar o julgamento do mensalão. Lula encontrou Gilmar Mendes no dia 26 de abril no escritório do ex-ministro Nelson Jobim. Em troca da lealdade do integrante do Supremo, Lula ofereceu uma blindagem na CPI do Cachoeira – na leitura do ex-presidente, Mendes poderia se tornar alvo da investigação por ter se encontrado com Demóstenes Torres em Berlim. Lula também planejava ter conversas semelhantes com outros ministros. Ou fazer chegar a eles suas intenções.
(Com Agência Estado)

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