Demóstenes admite que Cachoeira pagava conta de celular
Demóstenes depõe no Conselho de Ética do Senado
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
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"Eu não tinha lanterna na popa, o que eu sabia é que me relacionava com um empresário Não tinha como adivinhar que o rádio era usado para outras finalidades", afirmou.
Após apresentar sua defesa no processo de quebra de decoro parlamentar por suas relações com o bicheiro, o senador foi questionado pelo relator, senador Humberto Costa (PT-PE). Após a fala de Costa, senadores inscritos iniciaram interrogatório do colega.
Mário Couto (PSDB-PA) afirmou que, com a divulgação dos áudios interceptados pela Polícia Federal, a situação do parlamentar goiano estava "complicada". "Se a voz é sua, vossa excelência prova que sabia quem era Cachoeira. Se a voz é sua, a coisa está bem complicada", disse o parlamentar, que classificou o episódio como uma das maiores decepções de sua vida. Demóstenes pediu desculpas ao tucano e confirmou que reconheceu sua voz nas conversas, mas afirmou que elas estão descontextualizadas.
O senador Fernando Collor (PTB-AL) questionou Demóstenes sobre a atuação do Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, em relação aos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo. "O procurador afirmou que o sobrestamento do inquérito da Vegas no intuito de possibilitar a retomada das interceptações telefônicas. Para mim está absolutamente claro que o procurador não sobrestou nada, ao contrário, ele omitiu-se ou prevaricou. Entende dessa maneira?", disse Collor. Em resposta, Demóstenes disse estar convencido que Gurgel, ao sobrestar o inquérito, incorreu em crime de prevaricação.
Já o senador Randolfe Rodrigues (Psol-PA) lembrou que Demóstenes foi integrante da CPI dos Bingos, que resultou no indiciamento de Cachoeira. Para Rodrigues, o fato de o senador ter votado o relatório final da investigação confirma que ele sabia dos negócios ilegais. Demóstenes respondeu que seu conhecimento era das atividades legais do contraventor, de 1995 a 2004, período em que o jogo foi permitido.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
Com informações da Agência Senado.
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